Friday, June 22, 2007

“Nasci por acaso a 10 de Março de 1920, à porta de uma maternidade fechada por uma greve com ocupação. Grávida das obras de Paul Claudel (desde aí que não o gramo), a minha mãe que já ia no 13º mês não podia esperar mais pela Concordata. [...] Em força e juízo cresci, mas sempre feio apesar de enfeitado com um sistema piloso descontínuo, embora muito farto. [...] De repente, porém, a minha fisionomia transformou-se e comecei a parecer-me com o BORIS VIAN. Daí o meu nome."

“Quando me dizem que invento palavras, deveriam reparar que são sempre palavras que ninguém conhece mais do que se escrevesse as verdadeiras, porque ninguém sabe o nome das flores do mais simples jardim.”

Não posso mentir, o desejo de querer escrever algo sobre ele é bem maior do que realmente sei e gosto dele. O nome chegou-me nos anos do secundário, pela professora de português numa conversa de corredores, e revisitou-me durante uma aula de história de jazz. Desde esse momento revirei as bibliotecas privadas de amigos à procura deste nome, e não é que o encontrei.

Hoje tenho ao meu lado o irei cuspir-vos nos túmulos – é um livro de páginas esmaecidas, exemplar da colecção livros de bolso, editado pela Europa-América.

Esperam-me ainda 100 páginas de imagens absurdas, sugeridas pelas descrições de um rigor perverso e jocoso.

Quero uma vida em forma de espinha
Num prato azul
Quero uma vida em forma de coisa
No fundo dum sítio sozinho
Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos
Em forma de pão verde ou de cântara
Em forma de sapata mole
Em forma de tanglomanglo
De limpa chaminés ou de lilás
De terra cheia de calhaus
De cabeleireiro selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida em forma de ti
E tenho-a mas ainda não é bastante
Eu nunca estou contente


Livros de Boris Vian que quero [re]ler: O arranca-corações | O Outono em Pequim | Irei Cuspir-vos nos Túmulos | A Espuma dos Dias | Morte aos Feios

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