Tuesday, February 21, 2006

Fanatismo Religioso

[Ontem fui testemunha da existência de um certo fanatismo religioso em nossa casa. fui à ultima sessão das jornadas para a vida. Temas já banalizados foram colocados em questão - interrupção voluntária da vida [suicídio, aborto, eutanásia e a opção por ter um comportamento de risco]. Sei que muitas vezes interessa as discussões e testemunhos ouvidos e não as vezes que ouvimos falar deles.]

pessoas mais maturas em idades apresentaram uma maturidade espiritual e uma consciência moral muito carenciada. Sei que fazendo parte da igreja convivo com pessoas que vivem a religião e o testemunho de deus de diferentes maneiras. Mas nunca poderia pensar que poderia existir , nos tempos que correm, pessoas irem com a bíblia decorada e tentar refutar ideias de hoje com versículos do passado – esse não é o meu papel.

alguns sabem que estou a preparar algumas reuniões sobre temas reais para o pessoal do ic. Quero falhar-lhes de aborto, suicídio, eutanásia e homossexualidade. tenho andado a ler textos que possam gerar controvérsia e choque, mostrarei tudo e eles que decidam o que defender.

Um dos textos que fiquei sem saber que reacção tomar foi um versículo bíblico associado à homossexualidade: Levíticos 18. 22 e 20.13 - Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação - Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles. Como defender isto para além de qualquer acto, o mais importante é respeitar a vida e o amor. Por vezes resumem-se as relações a coisas que elas não são.

Hoje em dia como defender que alguém irá julgar os outros pelos seu actos, quando muitas vezes eles são actos de amor. A igreja tenta direccionar-nos para as prioridades de jesus – amar, não descriminar e julgar. Ensina-nos a reagir e a pensar conforme a nossa consciência e a decidir o que é melhor para os outros e a fazê-lo dando-nos aos outros.

[ontem] ...o direito português defende a vida e vida também é vida intra-uterina. A discussão prende-se com o que se entende com vida intra-uterina: a concepção ou a passagem de embrião a feto [as 10 semanas]. Apesar dessa discussão a lei estipula vida intra-uterina a partir da altura da concepção. No entanto, a lei defende a despenalização da lei do aborto para casos em que haja uma gravidez por violação.

Uma ou duas pessoas defenderam que não se pode permitir que haja liberdade para tal aberração (aborto, suicídio e eutanásia) porque assim diz a lei de deus. Não concordar com o suicídio é mais fácil, mas descurar a importância da eutanásia e do aborto na vida das pessoas é diferente.

como pessoa não defendo as práticas abortivas. Por muito difícil e inconveniente que seja, o gerar de uma vida nunca pode ser vista como algo triste ou de lamentar. Mas isto não me dá liberdade de proibir os outros de o fazer.

A controvérsia está em:
Permitir que jovens de estratos sociais elevados tenham o direito de provocar o aborto por simples egoísmo e individualismo, por não lhes dar muito jeito. Ou que o mesmo seja permitido às classes mais pobres, onde muitas jovens que não se sentem amadas adoptam comportamentos de risco, começando por vezes aos 12 anos a destruir a sua vida com álcool, drogas e sexo.

Será que a liberação do aborto não vai levar a um facilitismo? O que quero dizer é que será que não vai fazer com que se dê menos importância ao que é importante – a vida. Será que o mais importante não é educar para amar, para se respeitarem e para viverem não só para si. [census. 7 % dos jovens da UE dizem quere trabalhar um dia no voluntariado enquanto que 82% defendem o sexo extraconjugal, será que as prioridades da vida e do ensino não estão baralhadas?]

Mas que fazer num futuro referendo? votar não ou sim?
Votar NÃO e impedir a liberdade dos outros.
Votar SIM e deixar que cada um na sua consciência faça o que melhor lhe parecer. Poderia não o fazer mas dava legalmente o direito de o fazerem.

Como cristão defendo que se conscienlize os jovens e que se dê apoio a quem precise. A família e os amigos que nos ensinem o que é amar, o respeito do outro [que te diga – fizeste aquilo errado quando o deve ser] e a escola que ensine a protecção sexual.

Ambas extremamente necessárias. Mas numa idade em que os jovens procuram satisfazer os seus prazeres, levando-os a pensar nos outros como meio de obtenção desse prazer, é importante falar no amor, no respeito e que para além de descobrir o corpo do outro está o descobrir-se a sim mesmo no outro. Educar para amar


[podem comentar à vontade, ainda estou a definir as minhas ideias e gosto de ouvir diferentes oniões]

9 Comments:

Blogger marta* said...

pois bem, uma opinião...
falava há dias com algumas pessoas q a instituição igreja cada vez me diz menos. Acredito num Deus de amor, de simplicidade, não acredito em regras impostas a este amor.Na paroquia vivemos um momento engraçado c estas coisas...o juvenal (penso q conheceste) deixou-nos a nós e à vida de padre, ou seja, definiu outro rumo para a vida dele. Eu axo que foi uma decisão acertada, uma escolha de felicidade é sempre uma decisão acertada.Quanto a mim era uma escolha desnecessária: eles deviam poder casar e pronto, e não me falem da disponibilidade...em vez de um padre disponível teríamos uns 3...mas enfim. A hossexualidade e um pouc na mesma linha, quanto a mim, desde que seja uma escolha de amor, que o seja. Deus não é um Deus de amor?
quanto ao aborto concordo com o que dizes...cm qusi-psicologa da saude defendo a aposta na prevenção (e contraio a ideia dos 95% gastos no tratamento contra os 5% gastos na prevenção: não devia ser ao contrário??). Mas acima de tudo a liberdade de escolha sem uma moral que não é propria...é imposta!
A eutanásia é uma coisa que me anda na cabeça todos os dias...lido diarimante com pessoas que vou vendo morrer e isso deixa-me a pensar (ou a sentir, sei lá). são situações sempre a ponderar muito. neste momento a minha aposta ou a minha opinião e no sentido dos cuidados paleativos: qualidade de vida ou qualidade de morte? sendo que em termos biomédicos continuamos a pensar simplesmente em sobre-vida (quantidade sem qualidade). são temas delicados, mas lidar com eles tds os dias só me levou a ter aind mais duvidas. por muitas paciente que tenha visto em paleativos nenhuma demosntrou ter a morte como uma opção...a escolha é sempre pela vida, até ao fim.

ja me alarguei na opinião...descp um comment tão longo

bjs

11:23 AM, February 21, 2006  
Blogger Raquel said...

Marco, sem me querer alongar muito passei por aqui só pra te dar umas opiniões: em primeiro lugar admiro que tu como católico tenhas uma visão tão aberta sobre estes assuntos. não sou católica mas como é óbvio respeito todas as religiões e faz-me mta confusão que a religião com mais seguidores no nosso pais ainda seja representada por uma igreja tão atrasada nalguns aspectos. Dito isto, sou obrigada a discordar com alguns pontos. Acho que ver o aborto como uma opção "egoista ou individualista" não é correcto; é claro que eu também acho que se deve apostar na prevenção e na educação, mas nenhuma mulher (normal, pelo menos) aborta com essa ligeireza que tu referes...não sou a favor do aborto, e a questão não é essa, sou a favor de se dar essa opção sem pôr em risco a vida da mulher e em condições dignificantes. Quanto suicidio e à eutanásia a minha opinião tb difere essencialmente pk me custa que se veja qq um destes actos como aprováveis ou desaprováveis moralmente...enfim, essa é outra conversa e já me estiquei à grande. Beijinhos

12:28 PM, February 21, 2006  
Blogger Marco Lourenço said...

obrigado pelos comments. Cada um é a vossa opinião e pelo que conheço de vcs respeito bastante este texto.

A tristeza de ontem foi por ver que às vezes não é só a instituição igreja [marta agrada-me que a trates assim, pq igreja é outra coisa e para mim a minha igreja não é assim tanto a instituição igreja] que continua retrograda, mas sim, existirem pessoas católicas que continuam a viver a lei de deus acima da lei dos homens, e de uma forma demasiado rígida e fanática.

Resumindo: a igreja católica é jesus cristo e a sua mensagem era simplesmente – amar. Amar-se a si próprio, a deus e ao outro, demonstrar esse amor nas vossas vidas, nos vossos actos, nas vossa convicções.

Acho que a instituição igreja fica entre a espada e a parede sp que lhe pedem uma opinião potencialmente controversa com passagens bíblicas. A bíblia é um livro que contem vários livros. Em cada um deles mostra as vontades de deus e os valores que ele deseja que o homem possua. Cada um foi feito para o seu tempo e nessa altura poderiam ser praticáveis, mas nem todos os textos são actuais à realidade de hoje. Existem muitos que são e esses demonstram grande sabedoria, porque a mensagem é simples – amor – perdão – caridade – servir.

a vontade contínua de poder melhorar e tentar ajudar mais o outro, quebrar os nossos receios, o nosso comodismo e ir ajudar os que precisam, isto exprime o compromisso de ser católico.

Sei que se não existirem pessoas com ideias diferentes na igreja esta não muda e assim sempre se manterá atrasada no tempo, por isso a solução não é abandoná-la.

Em relação ao aborto já sabem que para mim não tem lógica impor a minha vontade ao outro. Se os católicos não quiserem que mulheres acedam a práticas abortivas, que se comprometa a ajudar essas pessoas, a preencher as lacunas dessas mulheres.

Em portugal, a maioria dos gravidezes indesejadas acontecem naqueles que têm demasiado pão na mesa e telemóveis nos bolsos ou naqueles que não têm quase pão algum. São diferentes realidades.

Existem muitas jovens provenientes de famílias desorganizadas – pais dependentes de álcool ou drogas, fisicamente abusivos. Estas jovens crescem sabendo que nunca foram desejadas, sem ser amadas ou acompanhadas. [existem crianças que depois de terem sido retiradas às famílias, estas abandonavam as filhas, não telefonando sequer no dia de natal ou aniversário].

Estas jovens crescem apenas com uma coisa na mente – se no passado ninguém me demonstrou carinho ou amor, quem é que o vai fazer agora?. Vivem sem esperança e por isso vivem com uma perspectiva individualista e de sobrevivência. Adoptam comportamentos de risco – excessos de ingestão de álcool, de drogas e banalização da sua sexualidade. São crianças que não têm sonhos nem futuros, muitas vezes os seus projectos de vida são: ir para a semana ao colombo.

A outra realidade é uma mais escondida – jovens com muito dinheiro. Jovens que de outra forma não recebem amor, a forma dos pais lhes demonstrarem amor é dizer que sim a tudo e tornando a vida deles demasiado fácil, sem a necessidade de lutar pelos seus sonhos. Estas jovens adoptam, de igual forma, comportamentos de risco. Para estas é acessível as práticas abortivas ilegais e por isso não razão para se preocuparem com o facto de engravidarem. Ao não tomarem consciência dos seus actos muitas vezes engravidam de forma indesajada. Neste casos muitas vezes as jovens não assumem a criança, é mais fácil apagar tudo e voltar a viver de forma livre.

A problemática não se prende com a indecisão dos católicos perante o voto. A problemática é: como educar para o amor e para a vida?
A igreja deve é conscienlizar os seus fieis a serem activos, a assumirem um modo de vida que defenda as prioridades e valores mais correctos.

3:04 PM, February 21, 2006  
Blogger Mocas said...

É de facto de elogiar uma discussão tão saudável destes temas sem lugar para fanatismos religiosos (outra coisa não seria de esperar vindo de quem vem).
Como alguns sabem, o meu percurso religioso foi-se desvanecendo depois de Roma, por verificar que a Igreja vivida por lá, nomeadamente com o nosso Papa João Paulo II, não foi a Igreja (Instituição) que vim encontrar no dia a dia...
Eu vim de lá com a ideia que a Igreja são as pessoas e que Deus é amor...e é isso em que continuo a acreditar apesar de já não fazer uma vida católica dita praticante.
De qualquer modo, e para não me alongar (pode ser que um dia faça tb um post sobre isto), concordo com a Igu quando diz que ninguém faz um aborto de ânimo leve (pelo menos espero). É algo demasiado traumático fisica e psicologicamente. Eu não concordo com a ideia do aborto em si a não ser em situações tremendamente excepcionais mas acho que não devemos castigar ou impedir alguém de o fazer, porque não sejamos ingénuos, ele vai continuar a ser feito e nas piores condições possíveis. Devemos sim apostar na prevenção e providenciar alternativas viáveis a quem se encontra nessa situação.
( a eutanásia e o suicídio ficam para outro dia).

4:04 PM, February 21, 2006  
Blogger marta* said...

acrescento só uma coisa...quanto ao aborto falast demasiado no feminino...ha pc passamos uns inqueritos p causa de estudo para um trab sobr "comportamnetos sexuais de risco",era só p raparigas de um bairro social bastante degradado e, verificamos q tds, tds tem a teoria necessária. ou seja, tds dizem que se recusariam a ter relações sexuais sem protecção [tendo um conhecimento vago dos riscos de DST, mas um conhecimento bastant solido sobre o risco de gravidez], mas na realidade qd lhes perguntamos o que as levaria (ou levou) a fazê-lo tds falam na pressão do namorado para que seja assim...estou a falar de uma realidade empobrecida em que o receio da perda e a busca de afecto são o essencial da questão e daí o "descuido", não é uma questão de "querer arriscar" mas antes uma questão de "não querer perder".
se gravidas, mtas acabam por ficar sozinhas e sem grandes apoios, mas muitas nem colocaram a opção do aborto. saliente-se isto, por muito que seja pobres, e por questões enraizadas culturalmente (e não por qualquer lei) o aborto nem é colocado como opção.

mais uma vez qto a igreja q somos cabe-nos alargar visões e mesmo prevenir, informar, c os grupos de IC ganhamos um papel q é também de "educadores" (n gosto da palavvra mas n encontro outra). Fora do que a "instituição igreja" impõe. Falar de um Deus que só nos pede amor e que sejamos fiés a esse amor. simples.

***

4:41 PM, February 21, 2006  
Blogger Marco Lourenço said...

baloo claro que a solução é prevenir, é fazer com que as pessoas se sintam felizes, amadas. que se sintam bem nesta vida, que criem projectos e que sejam pessoas com valores em tudo aquilo que façam.

mas será que nós que quisemos assumir esse trabalho, estamos a ir pelo caminho certo?

por experiencia, q já sou beatunfo ai à 7 anos, posso dizer que muitos jovens passaram por nós e hoje podemos ver neles um pouco de nós e de jesus. São jovens que se sabem divertir, que fazem as suas maluqueiras tal como nós, mas que têm sempre com eles uma vontade de ajudar e de amar muito grande.

mas tb há aqueles que passam por nós e que nada alteraram, tenha sido por não nos termos aproximado o suficiente ou por eles não terem deixado.

digo isto pq sempre senti que não haviam assim tantos jovens problemáticos. no entanto, basta abrir os olhos para ver que existem miudos à nossa responsabilidade que têm pais dependentes de narcóticos, de álcool; outros que nem sequer têm pais ou família. E outros que já lhe passaram + coisas pela cabeça do q sei lá o quê.

sei q é estando lá com eles e apoiando, mas percebemos que muitas vezes temos de dar cada vez + tempo nosso a eles. sabes mto bem que nem sp é possivel. andamos sp cansados e tempo q temos queremos estar com os amigos.

eu sinto uma necessidade, por vezes, de me responsabilizar mais por estes jovens, só q simplesmente n faço ideia como o fazer.

mas caga nisso. outros tempos virão. vamos lá ver como as discussões que estou a preparar sobre homossexualidade e eutanásia.
[sabes q o padreco queria saber se eu podia convidar um casal de homossexuais?! pelo menos está apoiar bastante este tema e quer que mostremos de tudo e dps os miudos que definam a opnião deles. eu acho q o tema deveria ser aberto a toda a comunidade, é que ainda nunca foi discutido, tenho de falar com eles sobre isso]

8:51 AM, February 22, 2006  
Blogger Marco Lourenço said...

espero não estar a puxar demasiado a corda

12:20 PM, February 22, 2006  
Blogger Marco Lourenço said...

o cajó, como é claro

4:58 PM, February 22, 2006  
Anonymous Anonymous said...

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1:21 AM, August 13, 2006  

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